“Recordar é Viver…”#3

Ora Ora, rapaziada “experta”! Trago-lhes mais um “Recordar é Viver…”, coluna que mostra um pouco de alguns trabalhos antigos, na época que escrevíamos em outros blogs. Depois da excelente segunda edição com um texto sensacional de Fábio Corbari, o “Recordar…” volta com mais um artigo meu.

Seguindo com a série “Diversidade do Wrestling” , vamos a mais um texto que enviei ao “Espaço dos Leitores” do blog “This is Wrestling” e foi publicado em 16 de Outubro de 2008. Crédito das fotos ao amigo Fábio Corbari.

Manda quem  Pode, Obedece Quem Tem Juízo!

Pois é, amigos. Agora, vão ter que me aturar! Vocês criaram um monstro! Depois do sucesso estrondoso de “como ser um cavalo” com direito a entrevista em TV e rádio e propostas para fazer comercial (menos Boemio, bem menos…), venho novamente com uma crônica na mesma linha da anterior. Depois dos cavalos, descrevo agora os cidadãos que não são mandados, que não obedecem a qualquer um e que movem o mundo, fazendo deste, seu pequeno quintal. Senhores, quero falar dos manda-chuvas, os líderes. Fazem o que eu estou mandando e lêem este texto! AGORA!!!

Para ser líder, não basta falar bem (o chamado dom da oratória), ser influente ou apenas cativar pessoas. Tem que fazer que todos acreditem que ele está certo, que a voz dele é a luz no meio da escuridão, em outras palavras, ser a bengala de um cego (olha lá, falei no bom sentido). Na selva, é preciso ser genioso e tinhoso, o bicho manso, bonzinho vira preza. No meio de feras, o leão precisa rugir mais alto, pois só assim consegue seu objetivo que é “traçar” as leoas.

Trazendo para o Wrestling, celeiro de tinhosos, o grande líder é o primeiro a se destacar. Como uma grande e importante parte do show, é fazendo “promos”, cativando as pessoas e dando credibilidade no que está sendo dito, o wrestler que possui este dom, o poder da liderança, leva vantagem enorme para chegar ao lugar mais almejado do show: o main-eventer.

Para ilustrar, citarei três generais dos tempos atuais:

1) Randy Orton

Umas das situações no show que se torna mais marcante e ficam presas em nossa lembrança pertencem as stables. Evolution, DX, nWo e “The Ministry of Darkness” são ícones e também exemplos de grandes stables que tiveram grandes líderes (às vezes até mais do que um). A criação delas tem um papel importantíssimo, porque com o surgimento de uma, obriga que outra seja formada para ser confrontada e eliminada, como se fosse uma vacina contra um vírus. Além de dar dinâmica e ser uma fonte enorme de criação, criam-se lendas e líderes.

Hoje, estamos perto de ver uma stable nova. Apesar dos componentes não serem lutadores geniais com forte mic skill, a garantia do sucesso está no apelo que ela traz e seu valoroso líder. Todas essas que citei anteriormente, tiveram sempre um apelo ou objetivo. Ou seja, para demonstrar o passado, presente e o futuro, para bagunçar e atormentar a vida do chefe da companhia, ou até mesmo funcionar como uma seita.

Randy Orton está começando a liderar uma stable, que se for bem trabalhada (rezemos aos bookers), irá entrar para história. O apelo dela é simplesmente genial. Juntar os lutadores de segunda ou terceira geração, isto é, filhos ou netos de antigos wrestlers, para dominarem o mundo da WWE. Em outras palavras fazendo uma analogia, eles querem separar os wrestlers de sangue puro dos wrestlers de sangue impuro. Pensando bem, isto não está parecendo o holocausto? Pois é, nessa terceira guerra mundial, o novo Hittler está escolhido.

Randy é diferente. Sua trajetória meteórica traz um wrestler de técnica apurada e presença marcante, que mostra somente com olhar, a indiferença que tem perante aos outros lutadores. Desde sua estréia demonstra uma virtude que poucos tem, a personalidade. Ele sabe que é o melhor, sabe que irá mudar o mundo do wrestling e principalmente sabe que é o presente e futuro da companhia. Um exemplo da sua liderança aconteceu em um Raw, quando o Cryme Tyme roubou os cinturões dos campeões Di Biase e Rhodes. Para Orton, estes não reagirem de acordo, então Randy como se fosse um sargento, deu um tapa na fuça de Rhodes pedindo a eles hombridade e vergonha na cara. Este, após “piti” rápido, acatou a ordem de seu soberano e em conjunto com seu parceiro tomaram os cinturões de volta.

RAI ORTON!

2) Triple H

Ok, eu sei que vocês vão falar. Ah, ele só tem essa moral porque pega a filha do chefe! Ele só é campeão porque é genro do patrão! Concordo que isso possa ter ajudado, mas convenhamos: o cara é uma fera! Hunter não está no show, ele é o show! Triple H mostra como é ser um wrestler bem sucedido, usando inteiramente a essência da liderança.

Como disse anteriormente, fatos, lutas e feuds marcantes, começam com grandes stables. Se pegarmos algumas das mais importantes stables ou grupos da história da WWE, veremos que tem a assinatura de Triple H. The click, Evolution e para mim a mais importante de todos os tempos, DX!

Na primeira stable, na verdade um grupo de amigos e não uma stable propriamente dita, em início de carreira Triple H era mais um no meio de feras consagradas. Mas mesmo assim foi o primeiro a quebrar o protocolo no famoso episódio do Madison Scare Garden. Sabemos que o primeiro a abraçar HBK foi o Razon Ramon, mas este era face como HBK e para todos até aí estava normal. Somente após o abraço de Triple H é que a casa caiu.

Na segunda stable, Triple H representava o presente em um grupo que unia também o passado (Flair) e o futuro (Batista e Randy Orton). Se este grupo tinha um líder, Hunter era esse cara. Já na terceira, se uma metade da laranja era Shawn Michaels, a outra com certeza era Triple H (puts, que gay ficou essa frase…). Vamos lá de novo: se HBK era o coração da DX, Hunter era o cérebro (é, melhorou…). Bom, vocês entenderam, né? Mesmo após a saída de Shawn, Trips liderou com eficiência e carisma esta facção que foi um marco do wrestling mundial.

3) Edge

De todos lutadores que existem hoje na WWE, incluindo até mesmo os que citei acima, nenhum têm a excelência em liderar que esse cara tem. Não sei se ele é um lutador tão habilidoso e duvido até mesmo que seja tão técnico, mas ele é um showman. Promos brilhantes são apenas pano de fundo para o poder interpretação que Edge possui. Sua cara de louco, olhar de desesperado e atitude oportunista constrói o arquétipo que qualquer líder heel deseja ter e ser. Edge é isso e muito mais.

Começando por uma das tags mais vitoriosas de todos os tempos (Christian e Edge) e passando por RKO – Rated (dois líderes natos) e terminando, por enquanto, pela La família mostra a vocação do Rated R Superstar. Construir isso tudo, não basta ter somente sorte, tem que ter talento e dedicação. Sua ganância pelo poder custe o que custar faz de Edge o cara mais odiado da WWE.

Citar “La família” como umas das mais marcantes stables de todos os tempos não é exagero. As vaias de raiva do público perante a esse grupo, é para se admirar. Não acredito que eles conseguiriam esse mérito todo se Edge não estivesse liderando. Mesmo com liderados de habilidade a se questionar (tirando é lógico Vickie Guerrero), Edge incomodou. Fez até o inabalável Undertaker tremer!!!

Esperamos agora o que os bookers estão reservando para o retorno do Rated R Superstar: Edge!

Para finalizar quero dizer que minha intenção nesta crônica não é falar sobre líderes de todos os tempos, pois teria que citar The Rock, Randy Savage, Hulk Hogan e Stone Cold. Quis falar de líderes da atualidade, wrestlers que irão por algum tempo ainda ditar o futuro da mais importante empresa de Wrestling do mundo. Legal também pedir, para quem não leu a primeira crônica, para que leia, pois assim entenderá o motivo do tema de hoje.

Obrigado e ….comentem, AGORA!!! Vamos, tô mandando. (Rs)

Boemio

Curiosidade: foi depois deste texto que o Fábio me chamou para fazer parte do “This is Wrestling”.